11 de out. de 2011

O que aprendi com "Três sombras"...



Li a Graphic Novel "Três sombras", por recomendação do Orlandeli. Adorei. 

Mas o que mais ficou marcado pra mim, além dos desenhos magníficos do francês Cyril Pedrosa e sua narrativa gráfica impecável, foi a mensagem de "desapego", de como é difícil para um pai aceitar que a morte do filho é inevitável.

Louis, o pai, fez de tudo ao seu alcance para que o filho, Joachim não morresse. Lutou contra as "sombras", fugiu delas, embarcou em uma viagem pelos mares em um navio, naufragou, foi parar em uma ilha, vendeu a alma, literalmente, para salvá-lo e de nada adiantou.

Fazendo uma ponte para o mundo real, me recorda os pais que descobrem alguma doença fatal ou que perdem os seus filhos inesperadamente. Algo difícil, doloroso. Quem é pai sabe do que falo.

Mas também abre margem para pensarmos sobre o "desapego" às coisas e pessoas que estão a nossa volta. 
Às vezes valorizamos tantas coisas que julgamos serem importantes, das quais um dia pensamos "não viver" sem elas, e deixamos de desfrutar cada momento da vida. Ainda mais hoje, nesses tempos de mundo "moderno" e globalizado, em que se deixa as coisas simples e gostosas da vida de lado para "realizar-se" profissionalmente, para estar na "crista da onda", para enriquecer - nunca se falou tanto em enriquecimento como nos dias de hoje.
Mas e o tal "Carpe diem", que numa tradição livre quer dizer: "viva o hoje como se não houvesse o amanhã"?

Louis foi atrás do sonho de salvar aquilo o que julgava ser o mais importante em sua vida, Joachim. Para muitos, o "importante" tem outros nomes e outras formas. E o quanto é difícil se desapegar, não é mesmo?

Mas o final da história ainda trás uma outra lição. Se Joachim não houvesse partido, Louis por certo não teria as duas lindas filhas que teve, após a morte de Joachim.

Às vezes precisamos nos desapegar para que novas experiências, novas conquistas e novas alegrias se acheguem a nós. Talvez, o seu "objeto" de apego esteja sendo a âncora que te mantém no fundo do mar, que te impede de ser melhor, de crescer, de buscar outros caminhos e, por quê não, até de ser feliz? 
Há portas que precisam serem abertas, mas somos nós quem devemos abrí-las. Estando do lado de fora, não há como abrir uma porta que está trancada por dentro.

A história é maravilhosa, se você tiver a oportunidade, leia. Mesmo que conheça o resumo, como deixei aqui, vale a pena passar cada página e aguardar o desfecho da próxima.

Por isso, adoro livros. Fico maravilhado de como nos ensinam, até mesmo através de uma história em quadrinhos.

Um Grande abraço.
Rico.


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