17 de dez. de 2012

Fantasio.




Outro exemplo de desenho (muito!) bonito.

Traço fininho, definido e um jogo de preto e branco com pouca variação de cor laranja. Olha que cenário limpinho, todo planejadinho. Uma maravilha de desenho.
Observem o seguinte: essa piada não é lá grande coisa. É uma piadinha comum, tipo essas de relacionamento que de vez em quando faço. Piadas que você capta no ar, quando alguém fala uma coisa e você brinca com aquilo. Tem um exemplo na postagem aí abaixo, essa da sogra.
Mas notem que o desenho bonito de Fantasio, nesse caso, salvou a piada fraca. Claro que nem sempre isso acontece.
É muito fácil criar piadas quando se está de bom humor, de bem com a vida e temos as coisas que nos fazem felizes ao nosso redor. 
Mas, e quando pinta um dia ruim? E quando vem a crise na família, financeira ou dentro da sua cabeça? 
Se você é um bom criador de piadas e tem um desenho ruim, excessivamente despojado (digo por descuido e falta de zelo e não por intenção. O cartunista pode ser um puta desenhista e fazer um desenho despojado por opção. Temos muitos exemplos assim. Cada um na sua), quando vier o momento ruim na sua vida, seu emprego corre risco. É nesta hora em que o desenho bonito pode salvar a piada ruim, e quem sabe, até o seu emprego. Quando digo que o cartunista deve buscar o aperfeiçoamento do traço em seu estilo é por conta de umas emergências assim.
Quando a piada é boa e vem de graça (na verdade nunca vem de graça), no meu caso, fico até com receio de caprichar demais no desenho e a piada ficar em segundo plano. 
Notem que, é muito difícil um cartunista ter ideias geniais todos os dias. Tem sempre as manhas e as muletas, como em toda profissão. O desenho bonito é uma válvula de escape na hora ruim, naquele dia em que você levantou com o pé esquerdo. 
Mas, tem horas em que a gente não consegue nem fazer um desenho bonito. Eu passei por uma crise com meu trabalho que durou uns 2 anos. Não gostava de nada do que fazia: desenho, ideia... nada! Foi horrível! Graças a Deus, passou. Nessa época da crise com meu desenho, rebusquei o trabalho daqueles que foram minhas inspirações, que tinham e têm trabalhos que me inspiram a querer fazer tão bem quanto eles. Foi dureza.
Eu adoro o que faço, sou muito zeloso e quando termino de fazer um trabalho, cinco minutos depois de enviar para o cliente já estou procurando defeitos nele. Masoquismo. Só quem nasceu desenhista entende isso. É a eterna vontade de melhorar, de fazer o melhor sempre, de achar o caminho para o seu desenho, de apresentar a ideia da melhor forma possível. Claro que não é fácil. E nem sempre a gente consegue. Mas, se pararmos no meio do caminho também não ajuda. Siga em frente.
Agora estou numa boa com meu trabalho, curtindo e fazendo cada desenho com muito tesão.
 Sei que tem muita gente boa que vê esse blog (as estatísticas não mentem), novos cartunistas e aspirantes. Acho legal compartilhar as experiências para que vocês não pisem nos mesmos buracos que pisei e façam trabalhos tão bonitos que, quem sabe até mesmo eu, possa me inspirar neles. Todo mundo já viu a história de um aprendiz que um dia se tornou mestre, não é mesmo? Acontece. Só depende da persistência e do quanto você se dedica a realizar seu sonho.
Não é vergonha que um novo me inspire. Pra mim, vergonha é ficar ultrapassado.