14 de jul. de 2015

Livros



Livros.
No último fim de semana, resolvi dar uma olhada na minha biblioteca do estúdio. Fiquei tão feliz ao descobrir que minha vida está, em parte, dentro dela.
Há cartas e bilhetes que minha esposa me escreve desde que nos conhecemos; desenhos de meus filhos, desde os primeiros rabiscos (quem me dera se meus pais tivessem feito isso); originais e mais originais que ganhei dos meus amigos cartunistas e ilustradores durante anos e ainda os livros que ganhei de presente.

Foi gostoso rever livros, como este do Cárcamo. Eu adoro esse livro “Modelo Vivo Natureza Morta”. Houve uma época em que ele estava sempre à mão, em cima da minha prancheta. Todas as vezes em que  o folheio, me vem aquela mesma sensação gostosa de quando ele chegou há 10 anos. Os desenhos pintados a aquarela são cada um mais bonito que do que outro. Adoro os tons, as árvores, as pedras e o sentimento que ele me passa. A cena da exposição do artista com Henri de Toulouse-Lautrec, Vicent Van Gogh, Rembrandt, é simplesmente demais! A história é de uma carga emocional linda.

Tudo isso guardado em um lugar que considero o meu coração fora do peito. Foi gostoso também rever livros que comprei quando ainda era um adolescente.

Lembro-me agora que em minha cidade custou a chegar uma Livraria. Então, para comprar livros ou era por reembolso postal ou ir á capital, Belo Horizonte. A segunda opção era muito interessante, uma vez que moro a 300 km de lá.
Era um suplício pintar duzentas mil faixas de letreiros (que eu detestava!), juntar o dinheiro e ir até lá, perambular pelas livrarias.
Perambular pelas livrarias é que era gostoso e fazia valer o sacrifício. Confesso que quando as portas iam se fechando, batia uma sentimento ruim de ter que abandonar aquele lugar mágico e que eu considerava o melhor lugar do mundo. Hoje entendo o porquê de eu valorizar coisas que são tão comum aos outros: eu não as tinha. Imagine, ter que viajar 300 km de ônibus pra entrar numa livraria e desfrutar daquele ambiente gostoso. Entrar em uma livraria hoje tornou-se uma coisa quase banal. É só ri lá e pronto. Está ao nosso alcance.
A falta de recursos é uma desvantagem imensa na vida de um artista. Tem que se amar MUITO o que faz para seguir adiante.

Um dos livros que tenho aqui e que foi comprado a duras economias, é o “Caras Pintadas” do Edgar Vasques e o “Caricaturas de Gente Famosa”, uma coletânea organizada pelo grupo Coquetel, que comprei aos 14 anos de idade. O segundo livro levou uma eternidade para chegar. Comprei pelo reembolso postal e vocês não imaginam como os Correios eram lentos naquela época. Vocês não imaginam as coisas que deixei de fazer para ter livros. Comprar roupas e sair com os amigos, por exemplo. Uma camisa, pra mim naquela época, tinha que durar até o fim dos tempos ou necadepitibiriba de livros. Hoje, tenho total desapego por roupas. Resquícios.

Hoje as coisas são mais fáceis. É só olhar o livro que quero, pela internet, comprar e ele chaga aqui em poucos dias. A vida melhorou muito desde aqueles tempos.

Quando bate esses meus momentos nostalgia, sempre lembro-me de uma frase que me disseram há muitos anos: “Memória é ouro”.

E é mesmo.

Abração procêis!
Rico

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