21 de jan. de 2016

Eis o caminho, andai nele.




Fui menino no entendimento durante muitos anos. 
Sempre fiz charge com o coração mas, depois de algumas reviravoltas na vida, comecei a ver com mais clareza a importância real da classe em que eu estava inserido: os chargistas. 
Por muitos anos eu não sabia discernir quem eram os caras certos e que realmente importavam na consolidação da minha profissão. Fazia charges porque desde moleque isso estava intrínseco em mim, o querer falar, dizer o que me incomodava, mostrar o lado oculto dos poderosos e que a maioria das pessoas não conseguiam enxergar. Tudo isso com a ironia e com o humor que a charge requer.
Em todas as profissões existem aqueles caras que são os desbravadores, os caras que entram com o facão no meio da mata para abrir o caminho e sedimentar a trilha. Depois vem os caras com as foices para alargar o caminho, depois os que vem com as enxadas e somente depois aqueles que vem com os tratores e demais máquinas para pavimentar a estrada.
Quando lembro dos caras do facão na minha profissão, dois nomes que me vêm à mente são o Millôr e o Angeli. Esses caras fizeram, e no caso do Angeli, faz, a diferença. São os caras que mostram o caminho, o norte e que quase nunca erram. 
Depois de tantos anos no ofício, esses dois caras são os caras que, ainda hoje, me despertam o querer fazer tão bem quanto eles. E não só pelo trabalho artístico em si (porque desenhar é fácil para um desenhista), mas pelo caráter, porque não se misturaram com o poder, não desceram de suas posições e porque sabem realmente o valor de suas histórias individuais. A obra é mais importante do que o momento.
O Millôr se foi, mas sua magnífica obra ficou. O Angeli, graças a Deus - em quem ele não acredita - ainda está por aqui, para nos mostrar o caminho e não nos deixar esquecer qual é realmente a importância e a força do trabalho de um chargista. Vide a charge que ilustra esse post.
Millôr e Angeli são de fato Mestres em seu ofício. 

- Rico





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